Câncer de bexiga

Epidemiologia 
O câncer na bexiga ocorre nas células que compõe a superfície da bexiga. O número estimado de casos novos no Brasil, para cada ano do triênio 2023 a 2025, é de 11.370 casos, correspondendo a um risco estimado de 5,25 casos a cada 100 mil habitantes. É o quarto tumor de maior incidência nos homens e o nono em mulheres, sendo o segundo mais tratado pelos urologistas, atrás apenas do câncer de próstata. A região Sudeste apresenta as maiores taxas de incidência estimada.
O câncer de bexiga é mais frequente em pessoas de cor branca, além de incidência predominante no sexo masculino, com uma proporção de 3:1. A incidência deste câncer aumenta diretamente com a idade, sendo o diagnóstico mais frequente após os 60 anos.
Fatores de risco
Tabagismo (principal): responsável por cerca de 50% dos casos de câncer de bexiga. Indivíduos fumantes apresentam incidência quatro vezes maior em comparação com não-fumantes
Irritação crônica da mucosa da bexiga: cálculos, sonda na bexiga, infecção urinária de repetição ou infecção crônica por parasita (Schistosoma haematobium)
Radioterapia pélvica
Ciclofosfamida (quimioterápico)
Exposição ocupacional: aminas aromáticas (benzidina e beta-naftilamina) são utilizados na indústria de corantes. Além disso exposição a substâncias químicas orgânicas estão associados a um maior risco como pintores, mecânicos, tipógrafos, cabelereiros e motoristas de caminhão
Sinais e sintomas
Sangue na urina (principal)
Mudança no hábito de urinar: urgência para urinar, aumento da frequência das idas ao banheiro e ardência ao urinar
Dor lombar (raro)
Massa na porção inferior do abdome
O sangramento na urina (hematúria) é o sinal mais comum em câncer de bexiga, ocorrendo na grande maioria dos pacientes. Nos casos de hematúria acompanhada de dor na parte inferior da bexiga ou de sintomas urinários irritativos como urgência para urinar e aumento da frequência das idas ao banheiro, deve-se pensar além da hipótese de câncer, em causas inflamatórias, infecciosas ou mesmo cálculos urinários. Deve-se diferenciar o tumor da bexiga de outras doenças que provocam sintomas parecidos.
Outros sintomas mais raros são dor lombar, presença de massa na parte inferior do abdome e inchaço nas coxas e pernas. Nesses casos a doença se encontra em um grau mais avançado e pode vir acompanhada de emagrecimento entre outras manifestações.
diagnóstico e estadiamento
Cistoscopia + biópsia (principal)
Citologia urinária
Ultrassonografia
Tomografia Computadorizada
Ressonância Magnética
Após os primeiros sinais de suspeita do câncer de bexiga podemos utilizar exames de imagem como ultrassonografia, tomografia computadorizada ou ressonância magnética – fundamentais na abordagem inicial e complementar do paciente.
A cistoscopia, contudo, é o padrão ouro no diagnóstico e acompanhamento do tumor de bexiga. Esta se trata de uma câmera acoplada a um aparelho que passa pela uretra até chegar na bexiga. Essa abordagem mostra ao urologista toda a superfície dela podendo identificar áreas suspeitas onde deve se realizar biópsia ou ressecção para análise do tecido retirado.
Tratamento
Cerca de 70% dos tumores são superficiais (não atingem a camada muscular da bexiga) e o seu tratamento se baseia na resseção completa das lesões, inicialmente por via endoscópica (canal da uretra). O procedimento se chama ressecção transuretral da bexiga (RTU), sendo este capaz de diagnosticar e tratar. Em casos específicos pode ser necessário realizar posteriormente o complemento do tratamento com medicações dentro da bexiga como BCG (semelhante a vacina aplicada contra a tuberculose na infância) ou quimioterápicos.
Essas lesões apresentam uma alta taxa de recorrência (reaparecimento), porém mais de 80% persistem confinados na parte superficial do órgão. Dito isso, o acompanhamento regular e prolongado com cistoscopias é necessário para detectá-las e evitar progressão da doença.
Nos casos em que o câncer atinge camadas mais profundas da bexiga como a sua musculatura (câncer músculo-invasivo) o tratamento de escolha precisa ser mais agressivo e definitivo como a retirada total do órgão (cistectomia radical). Alguns casos específicos podem ser tratados com radioterapia e quimioterapia, além de medicações que agem no sistema imunológico (imunoterápicos) nos quadros mais avançados.
O papel do urologista deve ser sempre de aconselhamento a mudança no estilo de vida orientando sobre hábitos saudáveis e cessar o tabagismo que é a principal forma de prevenção da doença. O acompanhamento regular e o envolvimento do paciente e dos familiares no tratamento é de extrema importância para se obter bons resultados e preservar a qualidade de vida do mesmo.

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